sexta-feira, 22 de maio de 2015

Veneno da boca

Flocos de neve caíam e enfeitavam o dia
Pássaros voavam
Cachorros passeavam
Era tão estranho ver tudo aquilo e pensar
Que talvez fosse acabar
As crianças brincando no parque
Os idosos conversando na praça
E a vida se esgotando sem se perceber
No fim do dia um coração iria doer


Sombrios pecados que atormentavam o destino covarde dos fracassados. Desceram mais de mil línguas de fogo apenas para blasfemar contra a justiça dos homens. O alçapão das górgonas estava aberto e um só iria entrar. Sua cabeça seria alvo da mais terrível fantasia. Mulheres e serpentes tudo no mesmo lugar. É seu inconsciente trabalhando novamente.

O maior medo que uma princesa pode ter é o de se casar com o príncipe errado. O reino estaria comprometido e a traição seria uma consequência. Um óbito seria melhor. Muitas pensaram assim e muitos morreram por isso. O veneno da boca é o mais silencioso mortífero. Suave como o vento e sensual como uma dama. O vermelho de amor na boca, torna-se ferozmente o vermelho da morte no túmulo.

Os pesadelos de uma criança são mais humildes do que os sonhos dos escravos desse tempo. Injuriados com tudo e com todos, não sabem viver da melhor maneira e por isso sofrem. São pecadores imundos se passando por santos. Não se pode evoluir se você acha que não tem mais para onde ir. É por isso que os mais espertos nunca estacionam. Eles encontram sempre algum caminho pra continuar sua jornada.

Noctur Spectrus

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