quarta-feira, 6 de maio de 2015

Brumas


Lábios tristes que vibravam somente para respostas vagas no vazio da mente obscura. Um tremendo sentimento de dor infestava a ira do ego e transmitia o perdão dos mal hábitos. As palavras eram velozes como tigres e ferozes como leões, feriam a alma e entristeciam o coração. Mas ainda assim eram usadas sem piedade pelos mais arrogantes escrúpulos. A dor da perca que se espalhava por todo o corpo recordava momentos bons ou ruins, de quaisquer estações do ano, vividas com liberdade. Tudo havia acabado num piscar de olhos quando o olhar indecifrável do traidor caiu em lágrimas de arrependimento.

As bestas se escondiam por trás das cortinas e comentavam ironias. O repugnante odor dos perfumes estragados de uma viúva que não se cuidava, propagou-se pelo ar. Tremeram os velhos que viveram a época antecedente que marcava o início de um combate mental. Os homens estavam alienados pelas máquinas, colhiam e plantavam ferro e cobre. As mulheres eram prisioneiras da sociedade e quase não tinham escolha.


Era janeiro, os fogos explodiam no ar alertando um ano novo. Enquanto muitos sorriam e desejavam felicidades, outros desconfiavam de que a maior blasfêmia de todas estava por vir. Como reagiriam? Decidiriam logo após os festejos. Por enquanto o que lhes importava era como acabaria a noite, se bem ou mal.

Alguns fantasmas do passado sobreviveram a grande catástrofe na memória dos amargurados. Eles assombrariam o futuro com visões do passado. Os que temeram foram atacados e os que resistiram, cercados. Onde quer que andassem as brumas das trevas, estavam lá presentes os soterrados e degredados filhos da desunião.

Noctur Spectrus

Um comentário: