sexta-feira, 8 de maio de 2015
O marinheiro
Uma armadilha incompreensível no meio do nada. Um rapto inusitado no tempo indesejável, aos desejos de um coração solitário. A bela sereia que cantava seus versos atraentes, deixou sua voz de lado ao saber do triste marinheiro. O mar agitado levara sua esposa e o véu do dilúvio deturpara suas esperanças.
Caíram no abismo os piratas que acumulavam impostos dos humildes. Eles afundaram junto com todo ouro coletado injustamente. O marinheiro era um guerreiro, um herói e um guardião. Sem nunca ter ganho uma recompensa sequer, lutara para que o mundo fosse melhor, um pouquinho melhor...
Ele era tão significante que nem sequer se importava em ser reconhecido. Prezava mais o reconhecimento do amor e da paz do que o do seu status. Não se sentia atraído pelos imundos desejos do lado obscuro da alma. Sua língua afiada com palavras de liderança, descarregavam palestras emotivas de superação. Não era só um marinheiro...
E também não era só um marinheiro incrível. Passara a sofrer pela falta daqueles que defendera com as próprias mãos. Com o nobre coração vazio, talvez hoje ele resolvesse se entregar ao canto das sereias. Sabia que estaria perdido e morreria, mas o faria mesmo assim. Mas por sorte, ou por puro merecimento, a sereia que o encantaria não o levaria para o fundo do mar, e sim para a vida, seria sua nova esposa, de verdade e não ilusória.
Noctur Spectrus
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