sexta-feira, 1 de maio de 2015

Temores internos


Lavei o rosto com água
Precisava despertar, estava louco
Só podia estar? Ou não?
Por que minha vida se resumia em sofrimento e dor?
Por que tudo era voltado para a solidão?
Tão frio e inseguro era o tempo
De uma hora pra outra mudaria
E eu? Sofreria...
Sempre fora assim desde que todos se foram
Moro sozinho na minha mente
Mas hoje hei de plantar uma nova semente
Para que no futuro eu possa ter a chance
De ter experiências diferentes
De qualquer forma, a vida é assim mesmo
Hoje estamos vazios, amanhã preenchidos
Porém no meu caso
O vazio me preenche.
 

Acordei as três da manhã, meu corpo se balançava como se estivesse tendo uma convulsão. Por que? Não me lembrava do que tinha sonhado, provavelmente um pesadelo. Me controlei e tudo parou, porém eu não estava na minha cama, mas sim, em um lugar muito estranho. Não sabia onde era, será que ainda era um sonho? Ou melhor, um pesadelo? Um pesadelo dentro de um pesadelo?

Havia um pequeno canivete em meu bolso, eu sempre carregava ele como lembrança dos que se foram. Peguei e cortei minha pele no braço. O sangue escorreu e a dor me fez pensar se era real. Maior besteira que eu fiz... Agora graças ao sangue, me via cercado. Várias criaturas estranhas me encarando como se fossem me devorar.

Só podia ser um pesadelo... tais criaturas não existiam para mim. Concentrei-me e tentei me lembrar como viera parar ali. Foi então que me lembrei, havia acordado as três da manhã, mas não havia qualquer relógio ali para me provar isso. O relógio eu tivera visto na cabeceira da minha cama.


Finalmente, despertei, sonho confuso
Lúcido de temores internos
Que triste é meu íntimo vazio, sujo
Cheio de seres subalternos
Escravos da minha má imaginação
Servos irritados com minha indignação
O sofrimento fora eu quem causara por si próprio
Dentro do meu próprio coração.

Todos que sofrem internamente, experimentam tudo o que querem no interior de suas almas. Eu por muito tempo, me liguei aos valores internos da minha solidão, e eles não se importavam tanto comigo. A morte eu almejava todas as noites, mas ela nunca veio. Não tive coragem de forçá-la, por puro respeito, não queria obrigá-la a me levar embora. Hoje eu tive consciência de que não sei quem sou. Hoje a noite trará uma lembrança perdida do universo, choverá e eu me recordarei de todas as lágrimas que derramei. Assim, eu dormirei novamente, e ao acordar viverei intensamente, seja na alegria ou na tristeza.

Noctur Spectrus

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