sexta-feira, 5 de junho de 2015

Forca

As energias esgotadas, nem caminhava mais... Estava sendo empurrado pela última força que insinuava uma boa recompensa. Já havia trilhado uma jornada de longo desespero. Mas uma hora eu sei que chegaria até lá. Ela estava balançando me esperando. E eu estava louco para pagar pelo meu erro. Sair dessa vida, conhecer a morte.

Cada passo uma dúvida. Talvez eu devesse desistir. Não! Havia caminhado demais para morrer no meio do caminho. Não gostaria de virar comida de urubus. Meu corpo deveria ficar pendurado em lembrança da dor. Eu gostaria que escrevessem meu nome junto com um texto melancólico para recordar minhas feridas. Mas não havia ninguém para escrever. Eu fui o único autor de minha história. Nunca houve ninguém para entortar uma linha.

No final da história eu alcançaria a forca tão desejada. Não acertei as palavras, não acertei as letras. Eu seria o bonequinho enforcado no final de dezembro. E nenhum cristo me salvaria... Voavam sem parar, pássaros negros. Eu ali tentando entender a impaciência dos demônios. Não me arrastaria para a morte. Com certeza eu estaria vestido com boas roupas e de cabeça erguida. Minha cabeça, aliás, seria o suporte dos meus restos.

Noctur Spectrus

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