quinta-feira, 23 de julho de 2015

O garoto primogênito de Sara


Estava lá, aturdido, coitado. Era pequeno, uma criança sem pais e sem notícias sobre qualquer coisa. Eu nunca o deixaria, mas não podia me mover. Estava diante de um campo minado, qualquer passo me destruiria. O garoto tinha um grande potencial, ele poderia ser um grande homem no futuro. O que eu mais desejava era ver como ele seria capaz de ajudar todas as pessoas. Mas naquele momento, não tinha o que fazer.

Ele estava assombrado, finalmente olhou para mim. Tentei o avisar para não se aproximar, mas ele não atendeu meus pedidos. Foi-se o primeiro passo na área do campo minado. Houve a primeira explosão. Ele pisou em cima da mina, meu Deus, meus olhos lacrimejaram. Mas de alguma forma, o seu corpo resistiu. Fiquei surpreso. Haviam alguns arranhões, ferimentos, mas ele estava intacto. Como poderia ser? O garoto tinha realmente super poderes.

Foi-se o segundo passo, mais uma bomba explodiu. A cada passo ele ia ficando cada vez mais ferido, mais danificado. Eu chorava, implorava para que ele parasse. Mas ele continuava. Estava sofrendo muito. Eu imaginava que a cada bomba que estourava, era como ser morto terrivelmente. Eu vi ele sofrer isso por dezenas de vezes até chegar à minha frente completamente ferido e ensanguentado. Me estendia a mão.

Não tive reação. Perguntei o porquê de ele ter feito isso. Ele simplesmente respondeu: "Eu sei que tenho grandes capacidades, mas preciso de alguém para me ensinar o valor de tudo isso, preciso de alguém que me ensine a desenvolver isso. Não posso viver neste mundo sozinho, sem direção". O garoto, apesar de novo, tinha uma personalidade forte. Peguei na sua mão e juntos saímos dali. Cuidei dos seus ferimentos. Eu sei que um dia ele será um grande herói e restituirá a Terra. Mas por enquanto, é necessário se preparar por anos e anos.

Noctur Spectrus

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