segunda-feira, 20 de julho de 2015
Transmutação
É inexplicável a forma, o vazio e a alma indiscreta num espaço inerte. Você é Sol, você é Lua, mas você não brilha. Já pensou como é se sentir assim? Talvez eu tenha em mim apenas mais um aspecto negativo ligado à autoconfiança. Mas eu não sei te dizer o porquê. Eu vivo sem substantivos tentando entender a vida nos adjetivos. Eu sei qual é a sensação de morrer, mas nunca me pergunte o que é viver.
Eu brinco sim, as vezes, com piratas e navios. Eu nunca sei por qual direção navegar. Mas isso não me assombra pois nunca desejo chegar à lugar nenhum. Eu espero no final encontrar um lugar onde o mar desabe no abismo. Eu queria poder viver um pouco das terras planas. Eu queria entender um pouco mais sobre a discórdia e sobre a ciência natural das coisas. Eu quero criar uma companhia confortável para os dias luxuosos.
Preciso parar de escrever diretamente e voltar a ser indiferente. Eu quero sentir novamente o sabor de uma doce fruta, aromática, livre de venenos. Eu não sou capaz de entender meu próprio ser surreal. Penso assim, vivo assim, mas também não necessito entender minha própria loucura. Viver intensamente? Talvez, mas não quero ser no fim das contas, engolido por um buraco negro.
As palavras produzem formas do meu pensamento. Minha mente potencializa meus desejos e os faz se tornarem reais. Eu sei que posso trazer para esta dimensão as coisas sombrias que guardo no meu próprio quartinho na escuridão. Eu sei que sou o tudo e o nada. Sei que sou o cheio e o vazio. Sei que sou a forma e a essência. Eu sei quem eu sou nos mais variados sentidos, mas eu sempre esqueço tudo sobre mim no momento que eu durmo. É estranho viver uma realidade paralela sem ao menos ter o direito de decidir qual deve ser a verdade. Mas, de qualquer forma, as vezes acho que tenho esse poder, quem sabe...
Noctur Spectrus
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