quarta-feira, 26 de agosto de 2015

O ser na solidão


Sozinho eu vou mais longe, não importa o que digam. Estão todos cegos, se importando com coisas inúteis. E todos dependem de um sorriso falso para seguir em frente, mas eu não. No mais sincero voto de injustiça eu ergo minha cabeça. Eu não preciso das amarras sociais que estiveram me segurando por tanto tempo. Não se trata somente de liberdade, mas consciência individual.

A independência é paciente, imperadora do inconsciente. Quando eu fecho os meus olhos e me entrego aos pensamentos, percebo o quanto fui ignorante. A maior ilusão de todas é achar que a vida é um conjunto de inúmeros seres conectados. Eu estou aqui em outro plano tentando entender minha própria solidão consagrada. Que apoio eu terei? Nem mesmo minha razão está de acordo com meus pensamentos neste momento, mas eu não devo esquecer que ela só é importante enquanto eu estiver acordado.

Nos desvios assíncronos da alma, na segurança da penumbra, eu ando nas sombras. Eu vejo a luz, mas não me misturo, pois um espírito negativo não precisa da humilhação. Eu ando descalço por aí imaginando um mundo melhor e depois destruindo ele aos poucos, como o mais poderoso dos demônios faria... Quem quer saber? Até eu mesmo perco a lucidez de vez em quando... Dentro do abismo tudo é inexistente e descomplicado. E nada importará fora da mais destemida realidade. Não há como negar, ilusão e realidade vivem no mesmo lugar, no mesmo espaço, compartilhando o mesmo funcionamento.


O indivíduo é o ser que almeja a glória, mas sem perceber, a oferece para outro ser que não tem individualidade. Sem salvação, ele se perde pelos nomes impuros que desatam os nós da correnteza da vingança. O egoísmo é uma arma bélica de fácil manipulação. Em massa, muitos se perdem tentando se encontrar, quando na verdade, não precisavam de nada. No chão, homens e mulheres rastejam em busca de um pão sagrado que nunca cairá da mão do profeta. E apesar de tudo, poderei andar sozinho. Por que não? Não há consciência interna ou externa capaz de controlar meu domínio. Lá eu vejo reflexos espontâneos que precisam ser ajustados rapidamente para me dar conformidade. Eu tenho um lar, mas não tenho uma casa... É assim que o mundo desaba.

Noctur Spectrus

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