segunda-feira, 27 de abril de 2015
Prisioneira da insanidade
Ela fazia tão naturalmente, eu era vítima de seus impulsos psicóticos. Ela agia como se tudo fosse normal, como se algo no fundo de sua alma podre e demoníaca, justificasse suas ações. Eu era só uma vítima, mas eu via nos olhos dela o meu futuro. Eu faria o mesmo. Ela me amarrava sem piedade e me trancava no fundo da casa, eu ficava lá por horas, mas nunca sequer derramei uma lágrima. Ela só aparecia para me manter viva, me alimentar. Mas a vida pra ela não significava nada.
Eu ficava no escuro, no frio, no buraco das almas adormecidas. Eu sentia fome, sede, mas já havia aceitado. No fundo eu não tinha nada além daqueles momentos sozinhos pelos quais eu pensava em tudo que não podia viver. E viver pra que? Lá fora, certamente existiam mais loucos, mais psicopatas fazendo vítimas. Eu seria mais uma...
Eu não tinha sentimento algum, nem de ódio, nem de raiva, nem de amor, nem de compaixão. Eu era sua prisioneira, e ela prisioneira da insanidade. Um dia seria eu cortando o pescoço dela com uma navalha afiada. Um dia seria eu dilacerando sua pele e finalmente, rindo igual as crianças livres.
Noctur Spectrus
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