segunda-feira, 27 de abril de 2015
A ferida do medo
Uma ferida foi aberta, agora dela se espalha sangue por toda terra. Aconteceu um breve desequilíbrio no céu, e toda a humanidade pagará por toda insanidade. O que há de justo? Nada é justo, nada é justiça, apenas uma forca pendurada, esperando aquele que ousar desafiar o mundo. E o que esperar dessa canção mortal? O que será gerado a partir dessa rebelião?
Palavras sem sentido, vagam e desconhecem o seu caminho. Os passos de uma neblina ressecada não fazem parte do mais nobre coração algemado. Existe um espírito de sobrevivência dentro do ser, que luta por toda chance que vê. Onde uma fagulha de luz desperta, nunca mais há de morrer. No alto das montanhas mais altas, estará o ancião das coisas vagas. O ócio que ele goza da vida, é uma chaga, um resquício de uma história sofrida. Somente quem supera seus desafios, tem forças para escalar tão alto.
O medo é um memorando da derrota, que recorda o fracasso. Ele é o alerta do perigo mais próximo e o condutor da mais terrível queda. Cederam-se no passado o que será cedido no futuro. As gerações carregam no seu sangue o prêmio de seus ancestrais mortais. A luz que banhava a vida, hoje banha o conhecimento. Este é o sentido dos ciclos, a natureza que revela o mistério. Seres de luz cantam e adoram, aquilo que não vemos com os olhos. Mas eles não tem o privilégio de apodrecer nos pensamentos mais pacatos. O vazio da mente é a estrutura da criação. O que for revelado em segredo, será guarnecido em segredo.
Às alturas nossas almas, aos infernos nossa angústia. Que o sofrimento seja nossa escola e a luta nossa glória. Paz só existe para aquele que presenciou o caos, e o caos é o procriador do entendimento. Palavras são só palavras se aquele que lê não tem a capacidade de entender.
Noctur Spectrus
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