Ontem, durante o sono, fiz uma viagem no tempo para descobrir minha verdadeira origem. Uma vaga lembrança de outras vidas intermediou o espaço escuro do meu pesadelo. Fez surgir um paraíso de emoções esquecidas. Era cedo demais para sonhar com coisas boas, mas eu já imaginava que havia trevas em tudo aquilo. Trevas aliás, é um vácuo no meu universo, sempre existirá, sempre estará comigo.
Uma terra perdida em meio as montanhas sagradas, era tudo o que um jovem arqueiro que ainda não tivera a audácia de matar ninguém, sonhava como seu céu particular. Um lugar onde haveria paz universal, para tudo e para todos. Quem dera fosse real... Mas apesar de tudo, contava os dias. Esta era sua mania, sua perseguição pessoal. O último dia selaria o fim. Seus sonhos não realizados seriam escritos na sua tumba para que as pessoas aprendessem que nem sempre tudo se realiza. O arqueiro deixaria de ser um símbolo de proteção de sua terra humilde, e passaria a representar a frustração. Um coração puro, angustiado pela falta de emoção.
Doce morte, que carrega consigo não só a vida, mas sonhos e esperanças. Tu sempre foi a juíza real das trevas. Soberana rainha da escuridão, que apesar de tudo, cede espaço ao renascimento. O que será do pequeno arqueiro? Ferido no espírito, deixou seu arco. Sua flecha, atirou ao esmo, esperançoso de que ela caísse na sua terra perdida. Para que soubessem que um dia ela fora sonhada, no nobre coração de um jovem arqueiro.
Noctur Spectrus
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