quarta-feira, 2 de setembro de 2015

Eu sou


Estou compondo a música da minha morte. Na letra, coloco palavras melancólicas que representarão minha conduta até o inferno. Eu pagarei... sei lá pelo que, mas pagarei... Na verdade, eu sou um ser qualquer com desejos fúnebres. Eu não preciso sofrer, mas optei por isso e continuo optando até agora. Eu insisto na escuridão do meu ser. Não mereço tortura eterna mas intensifico ela no meu coração.

Talvez exista um termo específico para masoquistas sentimentais. A tristeza, a dor e a solidão são prazerosas, mas possuem intensidade flexível. Primeiro elas ficam potentes e podem até induzir ao suicídio. Mas, como me tornei sobrevivente e respeitei ao máximo as situações obscuras, tais egrégoras se enfraqueceram. Hoje eu tento mergulhar no mais profundo buraco negro da minha alma, mas o nada que há lá, não é mais o nada que havia no passado.

É complicado definir o nada. É curioso aliás, quando penso que o nada pode ter diversas definições. Como algo que não existe pode ter várias representações? Como algo que não é, que não está e não existe, pode ter diversas formas de ser compreendido? Filosofia, poesia, amargura, depressão... eu nunca parei. Não nasci para ser feliz, afinal. A felicidade não é busca de todos, pois se fosse, eu também seria um buscador. A felicidade está na satisfação pessoal de estar vivendo conforme suas vontades, mas e se a vontade for a própria tristesa, poderia um indivíduo se feliz estando triste? Não sei, não amo, não odeio. Sou íntegro, mas disperso, sou completo, mas incompleto. Sou tantas coisas e tantas coisas não sou... ouso querer saber e poder.

Noctur Spectrus

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